Pinot Noir, a uva predominante dos elegantes vinhos de Borgonha

A Pinot Noir tem garantido fama aos vinhos das diversas e eficientes vinícolas da Borgonha, localizada no Centro-Oeste da França, conhecida como uma das principais regiões vinícolas do mundo.

A uva, classificada como a mais difícil de cultivar e de complexa adaptação, é a que produz os vinhos mais elegantes do mundo, com personalidade própria e extremamente sensíveis ao terroir.

Com mais de dois mil anos de existência, a Pinot Noir é uma das castas mais antigas do planeta. A família de uvas Pinot é descendente da Vitis vinifera silvestris, a uva selvagem, provavelmente “domesticada” para a produção de vinhos. Seu local de origem é incerto, com hipóteses diversas, entre elas, o norte da França, Egito ou Lombardia.

A origem do nome Pinot se baseia em duas suposições. A primeira é uma referência ao cacho, com formato de pinha. Já a segunda diz que o nome vem da cidade de Pignols em Puy-de-Dôme, na França.

A casta é considerada uma das uvas mais difíceis de ser cultivada. Além de ser propensa a diversas doenças, ela amadurece cedo, sofrendo em climas mais elevados.

Se a Pinot Noir for plantada em um local quente, ela deixa de desenvolver quaisquer dos compostos que sua pele, relativamente fina, pode armazenar e que dão seu fascinante sabor.

O solo ideal para a uva deve possuir argila e calcário, conferindo aos vinhos mais taninos. Para o melhor aproveitamento desta casta é vital que as vinhas amadureçam antes que o frio e a umidade do outono se estabeleçam.

Ao lado da Chardonnay a casta responde por 80% das vinhas plantadas na região de Borgonha.

A Pinot Noir pode ser considerada uma uva singular, sendo a que mais varia de tom conforme o local e a safra. Nos anos em que não madura, seu cheiro é bem forte. No outro extremo, ela seca com características de uva passa.

O tinto de Borgonha jovem tem cheiro de uvas maduras sem nenhum desses defeitos, e nele é possível reconhecer, ainda que de leve, o cheiro de carvalho.

E o sabor é muito similar ao cheiro: um pouco adstringente para proporcionar puro prazer, mas sem os taninos impenetráveis como os grandes de Bordeaux jovens. Conhecedores de vinhos defendem que os bons Borgonhas jovens são bons desde o nascimento.

 

Borgonha

Considerada a região europeia que mais produz vinhos tintos de excelente qualidade, a província de Borgonha é composta por várias sub-regiões: Côte d’Or (formada pela Côte de Beaune ao sul e pela Côte de Nuits ao norte), Chablis, Côte Chalonnaise, Mâconnais e Beaujolais.

Borgonha é o mais fragmentado dos distritos vinicultores importantes da França. Um mesmo vinhedo pode ser dividido entre vários proprietários diferentes. Como exemplo, existem áreas que são uma faixa contínua de terras, dividida, porém em várias partes, cada uma pertencente a um proprietário distinto.

Esta região possui também uma particularidade na classificação de seus vinhos. Borgonha classifica seus vinhedos individualmente. Cada vinhedo na Côte d’Or e Chablis é classificado, de modo preciso, por sua denominação.

Na região, existem mais de 40 grands crus, termo utilizado para designar vinhedos de altíssima categoria. A classificação premier cru é utilizada para identificar outros 562 lotes onde se encontram os melhores vinhedos que não são classificados na categoria anterior.

 

As sub-regiões de Borgonha

Côte d’Or
Côte d’Or é considerada o coração de Borgonha. Nesta região, poucos e pequenos lotes de terra que ficam ao longo de uma falha geográfica fornecem vinhos excelentes, cada um com uma personalidade própria.

A altitude média da encosta é aproximadamente constante em 250 metros. Mais alto na colina, o clima é mais rigoroso; as uvas amadurecem mais tarde. Mais abaixo, onde o solo é mais plano, a neblina do vale e as geadas fora da estação são mais comuns, e o completo amadurecimento é mais difícil de alcançar.

A explicação para a grande fragmentação dos vinhedos está na desapropriação por Napoleão das terras pertencentes à Igreja e em seguida a aplicação do Código Napoleônico, que estendeu a todos os filhos os frutos de uma herança.

Isso fez com que os vinhedos de Côte D’Or fossem divididos em áreas de tamanhos às vezes inferiores a um hectare.

A Pinot Noir, que produz os bons tintos de da Côte d’Or, tem gosto e aroma singulares e memoráveis, às vezes descritos como mentolados, às vezes apresentando notas de amoras ou violetas, embora terrosos, como beterraba, e calorosos, como álcool.

Côte de Beaune
A Côte de Beaune produz vinhos brancos e tintos. Apesar da existência de excelentes tintos, seus vinhos brancos são considerados os melhores do mundo. Os melhores brancos da Côte de Beaune são aromáticos, possuem sabor amendoado, são concentrados e longevos. Côte de Beaune pode ser classificada como o coração do Borgonha Branco.

A cidade de Beaune é o centro do comércio de vinhos de toda a Borgonha. Em Beaune estão os principais negociantes de vinhos da região. Atraídos pela arquitetura medieval da cidade e pela proximidade com a produção dos mais refinados vinhos, turistas de todas as partes do mundo marcam presença durante todo o ano em Beaune.

Côte de Nuits
A Côte de Nuits tem no vinho tinto seu expoente. Seus tintos são mais vivos, encorpados, tânicos, de coloração mais profunda que os da Côte de Beaune. São vinhos de longuíssima duração e refletem as condições oferecidas por seu terroir, em termos de solo e da exposição ao ambiente. Os brancos são raridade na Côte de Nuits.

Há na Côte de Nuits uma linha central de vinhedos, na qual se encontram centenas de vinhedos Premiers Crus e duas dezenas de Grands Crus.

Essa área possui uma feliz combinação de solos com afloramento de pedras margas e boa exposição ao sol. Os vinhos são mais caros que os da Côte de Beaune, consequência do maior número de Grands Crus e da menor oferta geral de vinhos.

Chablis
Chablis é uma sub–região da Borgonha. Seus vinhedos situam-se nos arredores da pequena cidade que também se chama Chablis. Os vinhos Chablis são mais finos, longevos e aveludados. A natureza adiciona ao solo rico perfeita combinação de proteção e exposição ao sol concedida pelas colinas.

Côte Chalonnaise
Geograficamente Côte Chalonnaise situa-se logo abaixo da parte sul da Côte de Beaune. Apesar do cultivo de vinhas ser a principal atividade da Côte Chalonnaise, sua paisagem divide-se entre vinhedos, pastos e pomares.

Nesta região, os vinhedos se localizam em altitudes superiores em relação aos da Côte De Beaune, resultando em uma colheita mais tardia e um processo de maturação mais precário. Embora os vinhos não alcancem a mesma qualidade da Cote D’Or, há na Côte Chalonnaise excelentes vinhos.

Mâconnais
O nome desta sub-região deriva da cidade de Mâcon, 55 km ao sul de Chalon. O clima um pouco mais quente que a Côte D’Or, agrada a uva Chardonnay, que se adaptou bem a região e, atualmente, corresponde a quase 90% de todo o seu vinho.

Os vinhos brancos são vendidos quase sempre com o nome de Mâcon Blanc, num nível básico, Mâcon-Supérieur e Mâcon-Villages numa escala crescente de qualidade. Pode também ter acrescentado a Mâcon o nome da comuna. Essas rotulações valem igualmente para o Mâcon Rouge, feitos com a uva Gamay.

No Mâconnais se produz o Bourgogne Rouge, genéricos tintos de boa qualidade, elaborados com Pinot Noir. A casta vem ganhando destaque na região é cada vez uma proporção de terra maior é destina ao cultivo Desta uva.

Beaujolais
Embora oficialmente Beaujolais faça parte da Borgonha, na prática trata-se de duas áreas vinícolas bem diferentes. As diferenças entre as duas começam pelas uvas cultivadas; a Pinot Noir e a Gamay são bem diferentes entre si.

A Gamay se adaptou maravilhosamente bem ao solo de argila arenosa sobre granito da região de Beaujolais. E quando bem elaborados, os vinhos Beaujolais são macios, leves, frutados e de delicioso sabor.

 

Como é feito o Borgonha tinto

Assim que as uvas chegam ao lagar (lugar onde serão pisadas), são classificadas com diferentes graus de rigorosidade. Em seguida são levemente esmagadas e muitas vezes desengaçadas, antes de ser dispensadas dentro de uma cuba cilíndrica.

Muitos viticultores defendem a “maceração a frio” – manter a casca no suco a uma temperatura baixa, que evita a fermentação durante alguns dias, mas extrai sabores frutados e cor.

Os vinhos tintos finos de Borgonha geralmente são mantidos em barrica por um período de doze a dezoito meses.

O objetivo não é simplesmente agregar sabor de carvalho, mas também reforçar os taninos, incentivar uma oxidação suave e permitir que o vinho se estabilize naturalmente. Ao longo deste processo, os sedimentos são separados o mínimo possível para evitar o contato do vinho com o ar.

Dois meses antes de serem engarrafados, eles podem precisar ser refinados para eliminar o menor aspecto turvo.

 

Elaboração do Borgonha branco

O procedimento para a elaboração de todos os brancos secos, inclusive o Borgonha, está hoje praticamente padronizado. O objetivo é tirar o máximo frescor, alcançado pelo mínimo contato com o ar. O Chablis e o Mâcon costumam ser fermentados de forma eficiente em tanques de aço inoxidável.

Mas os clássicos brancos de Côte d’Or da Borgonha são outra questão. Eles são fermentados em pequenas barricas de carvalho. O cheiro de carvalho novo é parte da personalidade do vinho desde o início, mas deve ficar mais moderado com a idade.

Quando a fermentação termina, o vinho permanece no barril, sobre sua borra ou sedimento fermentado. A tradição na Borgonha manda agitar os sedimentos regularmente para que o vinho possa se alimentar dos nutrientes que contêm e ganhar corpo e riqueza.

Fonte: http://blog.vinhosite.com.br/pinot-noir-uva-predominante-dos-elegantes-vinhos-de-borgonha/

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